Transtorno do Espectro do Autismo: entenda como identificar e proceder
A identificação do TEA já no primeiro ano de vida das crianças permite lidar melhor com os sintomas
26/07/2019 | Dicas de Saúde
Embora se trate de um transtorno permanente, para o qual não existe cura, quando o Transtorno de Espectro do Autismo (TEA) é identificado precocemente, as crianças podem se desenvolver melhor e com mais possibilidades futuras. Para isso, porém, é preciso entender o que é o TEA e como ele pode ser identificado nas crianças.
Nossa pediatra, Dra. Paula Consolin Vieira, explica o transtorno e alerta para os sinais sugestivos já no primeiro ano de vida dos pequenos. “O TEA é um transtorno do desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos”, descreve a especialista.
A Dra. Paula afirma que, apesar do maior nível de informação e conhecimento das famílias sobre o problema, o seu diagnóstico nem sempre é fácil e pode levar meses para ser concretizado. Já no primeiro ano de vida, as crianças com TEA podem apresentar sinais sugestivos, por exemplo:
- Não se voltar para sons, ruídos e vozes do ambiente;
- Não apresentar sorriso social;
- Ter pouco contato ocular;
- Apresentar pouca ou nenhuma vocalização;
- Recusar o toque;
- Incomodar-se com sons altos;
- Apresentar dificuldades no sono;
- Aos seis meses, demonstrar poucas expressões sociais;
- Aos nove meses, não balbuciar “mama” ou “papa” e não olhar quando chamada;
- Aos 12 meses, ainda não acenar, dar tchau ou falar mamãe/papai.
“O fato de uma criança apresentar pouca vocalização ou não se se voltar a sons do ambiente, por exemplo, não necessariamente significa que ela possua TEA”, tranquiliza Dra. Paula. “Mas são sim sinais aos quais a família deve ficar atenta”, diz.
Quanto mais cedo, melhor
Além da observação dos sinais sugestivos, existem testes de triagem que podem ser feitos na consulta de rotina ao pediatra, conforme observação dos pais e do médico.
Apesar do diagnóstico de TEA poder ser confiavelmente detectado até os 2 anos, no Brasil, a média de diagnostico gira em torno do 6 anos. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, esse atraso de pelo menos 36 meses tem trazido maior morbidade e pior uso da plasticidade neuronal nos primeiros anos de vida, essenciais para intervenção precoce no autista.
Intervenção e tratamento
Existem vários modelos estruturados de estimulação intensiva e diária das crianças. Essas intervenções, quando realizadas precocemente, podem promover interações sociais positivas, auxiliando no desenvolvimento de competências sociais, da aprendizagem e da comunicação receptiva e expressiva, além de trabalharem as habilidades cognitivas e motoras.
O tratamento também inclui orientações familiares e treinamento dos pais para adequações nas rotinas e co-responsabilização para estimulação das crianças, além de terapias, intervenções dietéticas e medicamentos.
Como dito antes, o transtorno do espectro autista não tem cura. Entretanto, as descobertas da Neurociência e as terapias de intervenção precoce podem levar a ganhos significativos no desenvolvimento neuropsicomotor das crianças. “Quanto mais precoce a detecção, maior a capacidade de organização neural através da neuroplasticidade e potencial de mielinização cerebral”.
Estímulo diário
A Dra. Paula lembra ainda que o estímulo diário das crianças com interação social, brincadeiras, contato afetivo, redução dos tempos de tela, aumento do tempo de sono e brincadeiras ao ar livre as ajuda a desenvolver-se socialmente e torna possível observar déficits mais precocemente.
As consultas de rotina e o acompanhamento pediátrico mensal no primeiro ano de vida da criança são fundamentais para ajudar a identificar precocemente o TEA. Agende hoje mesmo a consulta do seu filho com a nossa pediatra.