Ronco e apneia: seu dentista pode ajudar!

Ronco e apneia: seu dentista pode ajudar!
O problema pode afetar sua qualidade de vida e, mais do que isso, das pessoas com quem você convive.

20/09/2019 | Informativo

O ronco e a apneia são comuns em quase um terço da população. Embora muitos não lhe deem a devida importância, o problema caracterizado pela obstrução das vias respiratórias pode impactar direta e negativamente a qualidade de vida do indivíduo – e das pessoas com quem ele convive. 

A boa notícia é que essa desordem tem tratamento. E o seu dentista pode ser o profissional indicado para ajudá-lo. “É necessário identificar e entender a origem do problema. Normalmente, quando se trata de uma obstrução respiratória originada na região bucal, o profissional de odontologia é o mais indicado para solucionar o problema”, explica o Dr. Gustavo Zanardi, ortodontista da MedCal. “Há casos em que é necessária uma equipe multidisciplinar, composta por cirurgiões-dentistas, otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, endocrinologista e fisioterapeuta”, completa o Dr. Eduardo Parente, cirurgião bucomaxilofacial da MedCal, lembrando que a MedCal conta com todos os especialistas para o tratamento da apneia. 

Entenda a SAHOS

A Síndrome de Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS) é uma desordem caracterizada pela obstrução das vias respiratórias durante o sono. Ela inibe a passagem de ar para os pulmões e está normalmente relacionada ao colabamento das paredes da faringe, que leva ao estreitamento das vias respiratórias. Com isso, o ar encontra muita resistência durante sua passagem em direção aos pulmões e causa uma intensa vibração, popularmente conhecida como ronco. 

Quando há obstrução total, o indivíduo cessa o ronco e inicia um período de apneia. Os eventos de apneia e hipopneia reduzem a oxigenação do corpo e podem trazer sérios prejuízos à saúde. Em resposta a parada respiratória, o corpo libera adrenalina para estimular a contração muscular e retomar a respiração. 

Cansaço e outros sintomas

A repetição dos eventos de liberação de adrenalina causa pequenos despertares com interrupção do sono e do repouso e efeitos cardiovasculares sérios.

Essa interrupção do descanso pode desencadear sintomas como cansaço excessivo durante o dia, presença de olheiras, sonolência diurna, indisposição, cefaleia (dores de cabeça), depressão e mau humor. Mas os sinais e sintomas do portador de SAHOS vão além: incluem ainda impotência sexual, hipertensão arterial e sobrepeso. 

A apneia obstrutiva do sono atinge mais comumente os homens, especialmente obesos e acima dos 40 anos de idade. A enfermidade pode desencadear ou agravar quadros de doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, arritmias e infartos. 

Além disso, o ronco tem sido por anos causa de desentendimento entre casais e até mesmo separação conjugal.

Causas da apneia

As principais causas de obstrução das vias aéreas superiores podem ser didaticamente divididas por regiões: nasal, bucal e cervical.

Nasal: as obstruções nesta região estão comumente relacionadas a desvios do septo nasal ou hipertrofia dos cornetos ou coanas nasais inferiores (“carne esponjosa”), que bloqueiam a passagem de ar pelo nariz. 

Se você já tem o diagnóstico de desvio de septo nasal, rinite ou sinusite feito pelo otorrinolaringologista, eles podem estar correlacionados à apneia obstrutiva do sono.

Bucal: as obstruções nesta região podem estar relacionadas à hipertrofia das amígdalas, comprimento exagerado do palato mole ou distúrbios relacionados à língua, como por exemplo macroglossia (aumento do tamanho da língua).

Além da obstruções internas da cavidade bucal, o ronco e apneia do sono podem ocorrer por problemas na posição dos maxilares. “Quando o paciente apresenta um retrognatismo, que é quando a mandíbula se encontra mais em posição posterior, há uma predisposição para a obstrução das vias aéreas, pois as bases ósseas dos maxilares estão “para trás”, o diâmetro das vias aéreas normalmente encontra-se reduzido, o espaço para acomodação da língua também é diminuído e a tensão muscular para a manutenção da permeabilidade aérea da faringe está comprometida”, detalha o Dr. Zanardi.

Cervical: finalmente, a obstrução em nível cervical geralmente está associada ao acúmulo de gordura na região do pescoço. Além disso, fatores como alcoolismo, uso de drogas ou outros hábitos que causem relaxamento demasiado podem ser causas do problema. 

Como fazer o diagnóstico

Uma avaliação meticulosa e determinação exata do local de obstrução e sua causa são fundamentais para o sucesso do tratamento da apneia obstrutiva do sono. Assim como a maioria dos problemas de saúde, aqui também é necessária uma avaliação clínica detalhada e complementada pela documentação adequada através de exames complementares. 

A documentação padrão compreende: 

  • Fotografias da face; 
  • Fotografias intrabucais; 
  • Tomografia de face e pescoço; 
  • Modelos de gesso das arcadas (obtidos a partir de moldagens ou escaneamentos); e
  • Polissonografia do sono.

Além disto, também é muito importante a obtenção/realização de:

  • Anamnese e aplicação de questionário específico para apneia obstrutiva do sono; 
  • Relatos do próprio paciente portador da apneia e das pessoas mais próximas (cônjuges, pais e filhos); 
  • Avaliação clínica dos locais de obstrução e mensuração da circunferência cervical; 
  • Aferição do índice de massa corporal; 
  • Identificação do grau de apneia do sono de (leve, moderada ou severa, conforme classificação da Universidade de Stanford).

“Assim, é possível determinar com exatidão localização da obstrução das vias aéreas, os fatores associados ao desenvolvimento da apneia do sono e quais as abordagens necessárias para o sucesso do tratamento”, afirma Dr. Parente. “Sem essa identificação precisa, o tratamento está fadado ao fracasso.” 

Tratamento

O ruído pode ser silenciado! O tratamento do ronco e da SAHOS varia de acordo com a gravidade do caso e, como comentado pelo Dr. Zanardi, pode demandar uma intervenção multidisciplinar. 

O primeiro passo no tratamento deve ser a correta identificação do local de obstrução e a assimilação da gravidade do problema, para que então se defina a abordagem mais adequada.

“Embora cada paciente deva ser tratado de uma forma específica, de acordo com o problema existente, há alguns métodos principais de tratamento para o ronco e a apneia obstrutiva do sono”, explica Dr. Zanardi. Entre eles, destacam-se: 

  • Emagrecimento com dieta equilibrada e exercícios físicos regulares, sob orientação do médico endocrinologista, nutricionista e/ou educador físico;
  • Cirurgias de desobstrução nasal, realizadas por um otorrinolaringologista, quando o problema é isolado, ou pelo cirurgião bucomaxilofacial, no caso de problema associado a deformidades dos maxilares;
  • Cirurgia ortognática de avanço bimaxilar, realizada pelo cirurgião bucomaxilofacial, que resulta em abertura definitiva das vias aéreas superiores por meio do reposicionamento anterior das bases ósseas dos maxilares. Essa cirurgia mantém a permeabilidade aérea da faringe durante o sono. Esse é o tratamento “padrão-ouro” para a apneia e gera, em muitos casos, mais um grande benefício aos pacientes, que é a melhora significativa no perfil e estética faciais.
  • Aparelho de avanço intraoral (AIO): de uso noturno, projeta a mandíbula e estimula a abertura das vias aéreas durante o sono (em casos de apneia leve). Pode gerar como efeitos colaterais problemas de má oclusão (mordida) em longo prazo.
  • Aparelhagem conhecida como CPAP (continuous positive airway pressure device), que gera um fluxo continuo de ar sob pressão, oxigena o corpo e impede a obstrução das vias aéreas. É indicado para aqueles pacientes que, por algum motivo, não possam ser submetidos aos tratamentos cirúrgicos e clínicos ideais.